sexta-feira, 30 de julho de 2010

Martin Luther King, meu pastor

Por Ricardo Gondim




Um dos maiores personagens do século XX foi um pastor batista. Homem de fé, pregador do Evangelho e cidadão humano, Martin Luther King Junior foi, seguramente, a voz que melhor encarnou o ofício de um profeta contemporâneo. Quando se levantava para falar qualquer coisa, as pessoas ouviam, presidentes temiam, excluídos sentiam-se defendidos e a humanidade ousava vislumbrar o futuro com esperança.

Martin Luther King jamais foi bem vindo em ambientes fundamentalistas, não transitava entre intelectuais intolerantes e nem era simpatizado pelos falcões militares.

Contudo, os que conviveram ao seu lado reconheciam o privilégio de desfrutar da intimidade de um homem que soube transbordar seu sonho de justiça para os negros americanos e para o restante da humanidade.

Uma bala de rifle o silenciou poucos meses antes de completar seu 39º aniversário. Contudo, sua morte prematura o conduziu para o Panteão dos heróis mundiais. As tragédias reforçam os mitos. Ninguém calou suas idéias. Não há força ou poder capaz de silenciar a verdade quando ela encarna.

Martin Luther King conseguiu jogar a cultura do preconceito no lixo da história; sem jamais advogar o ódio. Abraçado à não-violência de Ghandi, ele acreditava que a justiça social não aconteceria “de acordo com a inevitável roda do destino”, mas viria com luta e sacrifício.

Por mais que tentasse, Martin Luther King não conseguiria fugir de sua vocação. Era Deus quem o chamava. Em 1954, trilhou a senda apertada dos santos, trocando a Universidade de Boston pela modorrenta cidade de Montgomery.

Quando Rosa Parks recusou ceder o seu lugar no ônibus para um homem branco, Martin Luther King viu-se impelido a liderar um movimento que transformaria a América para sempre. Sem nunca temer marchar na frente de qualquer passeata, ele era uma inspiração para milhões de negros americanos. Todos entendiam o que a Bíblia quer revelar quando afirma que Deus quer seus filhos como cabeça e não como cauda. Com menos de trinta anos, foi eleito o “Homem do Ano” pela revista Time e logo depois recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

É mister que os pensamentos deste humilde gigante de Deus continuem circulando entre os que amam a paz e lutam pela justiça, por isso, os copio.

Amor e Justiça.

Sejamos cristãos em todas as nossas ações. Mas quero dizer-lhes esta noite que para nós não basta falar do amor. O amor é um dos pilares da fé cristã, mas há uma outra face chamada justiça. E a justiça é de fato a ponderação do amor. Justiça é corrigir com amor aquilo que se rebela contra o amor.

Deus Intervém.

Deus intervém mesmo quando a igreja não se manifesta. Deus inseriu um princípio neste universo. Deus disse que todos os homens devem respeitar a dignidade e valorizar cada personalidade humana: ‘E se não fizerem isso, assumirei o controle’. Parece que nesta manhã posso ouvir a voz de Deus. Posso ouvi-lo falando através do Universo: ‘Aquietem-se e reconheçam que Eu sou Deus, que, se não Me obedecerem, se não se corrigirem, se não pararem de explorar outros povos, eu Me erguerei e quebrarei a espinha dorsal do seu poder, até que não haja mais poder!’.

A não-violência.

Enfrentemos o ódio com amor. Enfrentemos a força física com a força da alma. Há ainda uma voz clamando através dos tempos: ‘Amai os vossos inimigos, abençoai os que vos amaldiçoam, e orai pelos que vos ultrajam e vos perseguem’. Essa mesma voz clama em termos que elevam a proporções cósmicas: ‘Quem vive pela espada, pela espada morrerá’. E a história está repleta de ruínas das nações que falharam ao não seguir essa lei. Devemos seguir a não-violência e o amor.

A esperança Cristã.

Há algo em nossa fé que nos diz: ‘Jamais se desespere; jamais desista; jamais acredite que a causa da virtude e da justiça está condenada. ‘Há algo no âmago de nossa fé cristã que nos diz que a sexta-feira pode ocupar o trono por um dia, mas ao fim dará lugar ao triunfante rufar dos tambores da Páscoa. Há algo em nossa fé que diz que o mal poder dar forma a eventos, que César ocupará o palácio e Cristo, a cruz; mas um dia o mesmo Cristo erguer-se-á e dividirá a história em a.C e d.C., de tal forma que a própria vida de César será datada em seu nome.

Há algo neste universo que justifica as palavras de Carlyle: ‘Nenhuma mentira é eterna’. Há algo no Universo que justifica as palavras de William Cullen Bryant: ‘A verdade, esmagada contra a terra, novamente se erguerá’. Há algo no universo que justifica as palavras de James Russel Lowell:

'No cadafalso, a verdade;
No trono, sempre a injustiça.
Porém, o nosso futuro
O cadafalso ilumina,
E vela Deus por seus filhos
por detrás das trevas infindas'.

Sinto a pobreza de minha geração e oro para que Deus levante homens com o quilate deste diamante negro chamado Martin Luther King Junior.


Soli Deo Gloria.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Tesouro.

Por Meu mano Vinicius Godoy

Muito falavam, os mais antigos, da alegria eufórica deste bardo. Este que antes contagiava os velhos, incentivava os mancebos, emocionava as donzelas e divertia as crianças. Hoje com sua musica triste e sua poesia ácida, contenta-se em chocar, abalar, frustrar e assustar os que ainda teimam em dar-lhe ouvidos.
Todos perguntavam-se para onde fora toda a vida que tão nitidamente emanava de seus poros? Quem lhe roubara o desejo? Por que insiste em exalar tanto pesar em existir? O que aconteceu ao amado poeta da cidade para que de tal forma se inclinasse à morte sem oferecer resistência?
Rumores contam de um evento crucial, um encontro definitivo com a vida (ou a morte), dizem que uma conversa o matou, uma história, uma simples história de um lugar, toda a trajetória da humanidade refletida na vida de uma cidadezinha contada por um velho ermitão, que em sua juventude abdicou do convívio, das viagens, dos prazeres, da vida, ao deparar-se com essa misteriosa cidade da qual o pobre bardo passa seus dias a cantar.
Convido-lhe agora a cantar sua música e a ouvir a história que mudou sua vida

“Um dia um velho eremita
Destes que pouco se vê
Focado em meus olhos que brilham, dizia
De um belo lugar pra viver

A esperança em vê-la aviltou toda dor
O desejo contido então aflorou
E pensar minha vida a gozar desse lar
Auxilia o destino a minha’lma sanar

Mas não é mais assim diz o velho a chorar
A penúria e a miséria encontraram seu lar
Os que hoje se ofendem outrora eram irmãos
A ganância e o descaso enfim deram as mãos

Mas não quero te ver aliviado sorrir
Por que julgas estar muito longe daqui?
Só lhe peço que vejas com muita atenção
Que todo o mundo reflete o que meus filhos verão”

Há muito em minhas jornadas não via tamanha miséria como vi em Pandora. Mesmo antes de cruzar suas fronteiras, contemplando-a à distância, ainda não podia entender o que me fez ter Pandora por uma cidade, já que não se parecia com nenhuma que vi em vida, exceto em meus mais confusos pesadelos pueris. O que via, diga-se de passagem, com profundo dissabor, mais se assemelhavam a assentamentos, milhares de barracas debilmente montadas, que como escarlatina manchavam o centro do território da cidade. Tal visão me remetia aos povos nômades do oriente, porém, o cenário atual apresenta-se de maneira profundamente funesta, distinguindo-se dos errantes orientais pelo fato de povoarem aquelas terras por séculos, a geografia desgastada de Pandora denunciava com precisão a ação atroz do homem neste lugar. Cada tenda era acompanhada por uma pequena fogueira que em conjunto produziam uma nevoa densa, negra, que tornava não só a vista, bem como todo o viver em Pandora, mais deprimente ainda. Pude ver que a apatia nos semblantes era um reflexo direto dos céus da cidade, porém, ainda que não soubesse o porquê, podia ver um fio de esperança nos olhos dos pandorianos, sobretudo nos olhos das jovens que com esforço carregavam lenha para alimentar o fogo que ainda ardia simbolizando o por vir.
Ínfimas plantações doentes, mulheres maltratadas tirando água de um rio poluído, o cheiro intoxicante das cinzas e os ratos que povoavam a cidade na proporção de cinco deles para cada habitante, são cenas que me afligirão para o resto dos meus dias, onde nem meus mais atordoantes devaneios escatológicos poderão, em minha memória, tomar seu lugar.
A essa altura, quando não julgava haver coisa mais chocante do que já tinha visto, algo (de forma até irônica) me chama a atenção: em diversos pontos de Pandora, ajuntamentos de crianças sujas e amedrontadas ouviam os anciãos aos gritos, que impunham, ou ensinavam, ainda não sei ao certo, a respeito de um tesouro, tesouro esse que salvará Pandora para sempre, diziam os velhos.
Como não percebi isso antes? Estes eram os primeiros habitantes do sexo masculino que via! E ainda assim só vejo velhos e crianças. Não precisei de muita dedicação para conjecturar onde estariam os homens da cidade.
A julgar por sua sabedoria, caro poeta, creio que, como eu, entendeste que onde os velhos ensinam e as crianças aprendem, cabe aos mancebos e adultos agir!
Sim, todo homem de Pandora estava a procurar o tesouro, ao passo que quando deste eram tiradas as forças e a juventude, restava-lhe ensinar aos que futuramente o substituiriam.
Considero-me um varão trabalhado nas artes do intelecto, mas confesso não entender o porquê de toda uma cidade envolver-se na busca de um tesouro que nem todos têm a certeza de sua existência. Ao menos as mulheres, pensava eu, não se implicavam nessa causa, ledo engano, as pandorianas eram a base de toda busca, é sua assistência que viabiliza a jornada dos homens, logo as esposas, em tese, estão dentro das cavernas ao lado de seus maridos, suportando-os.
Assim, a cidade vive para o tesouro. Por quê?
– O tesouro nos salvará dessa miséria - vociferava o ancião em um sermão quase profético.
Por quanto tempo existirão? Até quando Pandora será lembrada? Quando finalmente perceberão a redundância desprovida de sentidos de todo seu árduo trabalho, de toda sua vida? Quando ser-lhe-ão tiradas as vendas de seus olhos, para que vejam que buscam o tesouro por conta da miséria e vivem na miséria por conta do tesouro. Quando entenderão que tudo que sabem, tudo o que ensinam, tudo que fazem presta-lhes, simplesmente, a mantê-los como prisioneiros em seus cotidianos, sustentando assim, o tipo de infelicidade em que vivem? Peço aos Deuses que, antes de seu iminente fim, dê-lhes tempo para que vejam a enorme pedra de mármore que rolam arduamente para o cume da mais alta montanha, a qual antes de sua subida já estava, pelas leis naturais, fadada à queda. Tornando inútil e infindável qualquer de seus esforços.
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Meu comentario:

A história dos pandorianos reflete à história de muitas povos, pessoas que passam suas vidas se dedicando a busca de algo que nao tem nem certeza se existe.
Vejo isso muito nas religiões pra ser sincero, as religiões são como uma enorme feira onde se vendem passaros engaiolados de todos os tipos.
existem dois tipos de prisão, as feites de grade de ferro e as feitas de palavras, e a prisão do povo de pandora era feita de palavras, sim dos velhos que quando crianças ouviram de outros sobre esse tesouro e que ao voltarem sem ele anunciavam as crianças sobre esse mesmo tesouro e viviam assim constantemente, pelo que entendi.
colocavam suas esperanças em algo que nem sabiam se de fato existia, dita por alguém lá atras na no passado dos pandorianos.
Esse é o karma das prisões feitas de palavras, elas nos prendem por dentro, e esse foi o erro dos homens de pandora, se talvez tivessem se organizado e contituidos léis e regras, talvez tivessem vivido mais dignamente ao invés da miseria que estavam.
Somos assim sonhamos o vôo, mas tememos as alturas diria Rubem Alves.
Pra voar é preciso amar o vazio. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência das certezas. por isso trocam o vôo pelas gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as "certezas moram". É um engano pensar que os homens seriam livres se pudessem, que eles não são livres porque um estrenho os engaiolou.
Essa é a analize que eu faço dos pandorianos.

Tom Rodrigues, 28 de julho de 2010.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

As oferendas de Tagore.



Postado em 16 de outubro de 2009 por Vasco Arruda

Minhas dívidas são grandes, minhas falhas são enormes e a minha vergonha é secreta e pesada. Todavia, quando venho pedir um benefício, tremo de medo de que a minha súplica seja atendida.

Rabindranath Tagore

[Tagore, Rabindranath. Gitanjali (oferenda lírica). Tradução de Ivo Storniolo. 2ª. ed. São Paulo: Paulus, 1991, poema 28.]

Na semana passada postei neste blog um texto sobre Rabindranath Tagore. Na ocasião citei alguns comentários do poeta a respeito de Cristo. Hoje, conforme prometido naquela ocasião, volto a Tagore para comentar o livro que é considerado por muitos críticos e estudiosos sua obra-prima, e que o tornaria conhecido no Ocidente ao ser traduzido, pelo próprio autor, para o inglês. Refiro-me a Gitanjali (pronuncia-se guitánjali), cujo título foi traduzido como “Oferenda lírica”.

Gitanjali é, todo ele, um grandioso canto de amor a Deus. Nele, Tagore revela toda a força da sua mística e da sua incansável busca de Deus. Este Deus que é tanto mais ansiado e procurado quanto mais se esconde. Por isso, Tagore o denomina Senhor do silêncio. Eis aí a pedra de toque do poema tagoriano. Em Tagore, Deus é uma figura paradoxal, porque, simultaneamente, se revela e se esconde. É algo assim como se Ele aparecesse sempre na semiobscuridade, num lusco-fusco em que só se dá a conhecer parcialmente. No poema 19, reclama Tagore, como num lamento:

“Se não falas, vou encher o meu coração com o teu silêncio, esperando, como a noite em sua vigília estrelada, com a cabeça pacientemente



E, no poema 39, suplica: “Quando o trabalho tumultuoso espalhar por toda parte o seu ruído, isolando-me do além, vem a mim, Senhor do silêncio, com a tua paz e serenidade”.

Para quem conhece a poesia de São João da Cruz, é impossível passar despercebida a semelhança entre os versos do místico espanhol no Cântico Espiritual e aqueles do poeta bengalense expressos no poema 41. Indaga Tagore no início do poema:

“Onde estás, meu amor? Por que te escondes na sombra, por trás de todos? Eles te empurram e passam por ti na estrada poeirenta, pensando que não és ninguém. E eu fico aqui, esperando por horas intermináveis, com as minhas oferendas para ti; os passantes chegam, tomam as minhas flores uma por uma, e a minha cesta já está quase vazia”.

O Doutor Místico, por sua vez, exclama, em tom indagativo: “1. Onde é que te escondeste,/ Amado, e me deixaste com gemido?/ Como o cervo fugiste,/ Havendo-me ferido;/ Saí, por ti clamando, e eras já ido./ 2. Pastores que subirdes/ Além, pelas malhadas, ao Outeiro,/ Se, porventura, virdes/ Aquele a quem mais quero,/ Dizei-lhe que adoeço, peno e morro./ 3. Buscando meus amores,/ Irei por estes montes e ribeiras;/ Não colherei as flores,/ Nem temerei as feras,/ E passarei os fortes e fronteiras” (São João da Cruz. Cântico Espiritual. Em: Obras Completas. Petrópolis, RJ: Vozes, 1984, p. 30).

A propósito do Gitanjali, escreveu Ivo Storniolo no prólogo para a tradução da editora Paulus: “Poderíamos ler este livro em apenas uma hora. Nós o consumiríamos, mas talvez não iríamos perceber o que ele tem a nos dizer, nem a escola de vida que nele se esconde: redescoberta da natureza, percepção do tempo, mistério das relações, demitização das ilusões, anseio pelo absoluto, alegria de descobrir-se amado por tudo e, por trás de tudo, amado por Deus.

“Gitanjali”, conclui Storniolo, “não é um romance, mas livro de vida. É para ser lido pouco a pouco, conferindo a cada momento a percepção poética e mística do autor com a experiência que temos da nossa vida. Ele começa comparando-se com um instrumento nas mãos de Deus (Gitanjali, 1). Ao terminar, ele exclama: “Ó meu Deus, permite que todos os meus sentidos se dilatem, e eu farei este mundo roçar os teus pés, numa derradeira saudação a ti” (Gitanjali, 103). Oxalá cada um de nós possa dizer o mesmo, não mais com as palavras de Tagore, mas com a própria vida” (p. VIII/IX).

Para concluir, quero fazer aqui uma revelação. Enquanto transcrevia os trechos em que comparo Tagore e São João da Cruz, por duas vezes tive que interromper o texto. A primeira, para pegar lenço de papel; a segunda, para lavar o rosto. Em ambas as ocasiões, os meus olhos ficaram tão marejados, que não conseguia distinguir as letras do teclado. É assim que me acontece algumas vezes em que volto aos escritos destes dois grandes expoentes da mística. Embriagados pela busca do Divino, eles cantam. Quanto a mim, um reles e insignificante mortal, silencio e choro à leitura de seus extasiantes versos.

domingo, 4 de julho de 2010

Reforma Intima.


O Filosofo Grego Sócrates disse: ''Uma vida sem reflexão, não vale a pena ser vivida.''
E eu concordo com essa afirmação pelo fato de hoje eu buscar conhecer quem de fato sou.
Estou numa jornada de volta para mim mesmo, rotineiramente sobre os mesmos caminhos, estradas
e pessoas que compõe o meu dia a dia, pois entendo que são nessas que eu vou me achar.
Fui presenteado recentemente por uma amiga gente boa, com um livro bem conhecido pelas
pessoas pelo fato de ele ter sido um desenho animado, seu nome é O Pequeno Principe do francês
Antoine de Saint-Exupéry.
No livro ele fala da obsessão das pessoas grandes por numeros e estatisticas, fala de suas
de suas loucuras em tentar srem pessoas serias e ocupadas.
Ao ler o livro nessa ultima madrugada, refleti que eu precisava de uma reforma intima em meu
ser, sei que meus amigos e chegados dizem constantemente que existe uma criança dentro de mim
que não devo nunca deixa-la morrer, pois esse é meu jeito de ser.
Mas ainda me preocupando com a opinião de pessoas adultas, que se acham maduras.
Criança não tem muita paciência com adulto, porque eu deveria ter.
Quando compreendemos o significado da vida, os números não tem tanta importância, diria Antoine.
Não quero correr o risco de ficar como as pessoas grandes, que só se interessam por números.
Nas sociedades capitalistas, uma ação ou alguém vale na medida em que produz um valor
econômico ou consome algo valorizado pelo mercado. Mas a dignidade de uma pessoa reside
nela mesma, antes de qualquer caraterística econômica ou social.
Quando se encontramos no mundo confuso e consumista de hoje, nossa vida adquire mais encanto
e fica cheia de Graça.
E é preciso uma reforma intima para se entender isso, para ter o espirito do Pequeno Principe, longe
das neuroses dos adultos, mas voltando ao livro, o Pequeno Principe visita alguns planetas, onde em
cada um se reflete o mundo dos adultos preocupados ou com medos e traumas.
O primeiro ele cruza com um Rei que não tinha suditos e mandava em si proprio e pensava mandar
nas estrelas e no sol.
No segundo planeta o Pequeno Principe encontrou um homem vaidoso, que sofria da enorme necessidade
de ser visto pelas pessoas por suas beleza e seus trajes de galá, mas tinha um problema só ele habitava
aquele pequeno planeta e não podia ser visto por mais ninguém.
Ele então parte para o terceiro planeta habitado por um bebado que por vergonha de beber vivia bebado.
Já no quarto planeta ele se depara com um empresário que de tão ocupado estivera a muito tempo com
um cigarro apagado sem tempo de ascender, pois era muito ocupado para isso, contando as estrelas do
céu que ele julgava ser suas assim como o Rei do primeiro planeta visitado pelo pequeno principe.
No quinto planeta o Pequeno Principe encontra um lampeão e um acendedor de lampiões que adora dormir
mas não tem tempo para isso devido ao regulamento de seu planeta, pois um dia em seu planeta equivale
a um minuto no nosso, portanto durante a noite ele acende o lampião e um minuto mais tarde o apago, pois
já é dia, assim constantemente devido ao seu planeta ser pequeno.
Já no sexto planeta ele encontra-se com um velho que é um geógrafo ocupadissimo em escrever as informações
trazidas pelos exploradores que são raros no seu planeta, que aos olhos do pequeno principe era muito grande e bonito.
Mas ao ser perguntado se nele havia oceanos, montanhas, cidades, rios e desertos o velho respondeu não saber
pois não era explorardor, mas geógrafo, ou seja sua função era apenas escrever a informação historica dos
exploradores.
Bom a historia ainda continua, mas paro aqui nesses individuos de cada planeta visitado pelo pequeno principe
e vejo neles as pessoas do meu dia a dia e eu mesmo, preocupados com regulamentos, com números, com cotas
com metas, assassinando o menor dentro de nós. Bom pelo menos eu penso assim e quero continuar criança.
Espero que essa reflexão tenha despertado no minimo em uma pessoas que ler, a quão importante é manter
vivos a crianças que fomos um dias.

No mais é isso.

Tom Rodrigues, Terra da Garoa, 04/07/2010.

Mário Quintana Certezas‏ e Tom Rodrigues não tão certo assim.

Não quero alguém que morra por mim…
Preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo,
quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim…
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível…
E que esse momento será inesquecível..
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre…
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém…
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos,
que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras,alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho…
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente
importa, que é meu sentimento… e não brinque com ele!!!
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe…
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia,
e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos,
talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas…
Que a esperança nunca me pareça um “não” que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como “sim”.
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder
dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim,
sem ter de me preocupar com terceiros…
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão…
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas,que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim…e que valeu a pena!!!

Mário Quintana Certezas- Mário Certezas Quintanas
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Não gente, não estou frustrado, nem deprimido, mas me chateio com algumas coisas
Queria que as palavras do Quintana fossem verdade em minha vida, mas não são.
Não que eu não queira que sejam, mas parece estar em extinção uma mente livre das
neuroses do consumo e da vontade afetiva de ser vista por outras pessoas.
Porra, parece um câncer a atitudes das pessoas de meu tempo, todas querem ser felizes, mas se escondem numa "toca",e fojem do que mais querem. Sei lá é estranho.
Gosto da minha vida e de quem eu sou, e mais ainda do que eu represento para outras
pessoas, mas se tiver que mudar para entrar nos relacionamentos temporários dos meus contemporâneos, não mudarei, pois a mudança que eu precisava aconteceu sem que eu tivesse visto, ou como se tivesse trocado de camisa, mas foi na mente, no carater onde aconteceu minha maior revolução, portanto Mano Quintana eu torço ardentemente para suas palavras serem verdades em meu ser.

Terra da Garoa, Tom Rodrigues 04/07/2010.